sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Iterdisciplinaridade e Educação Integral


                            

    Os conteúdos  escolares, derivados  do conhecimento, construido historicamente com a participação de homens e mulheres onde no decorrer da história  foram registrando suas experências e vivências, imprescindiveis  para o avanço da civilização,  foram organizados em disciplinas, obedecendo a lógica do mundo do trabalho  e a necessidade apontada pela sociedade.    Esses conteúdos escolares vem no decorrer  do tempo sofrendo modificações. Muitos educadores hoje, defendem que não basta somente transmitir o conhecimento acumulado mas, enriquece-lo, com as vivências trazidas pelos estudantes. 
 O mundo mudou, a sociedade vive em constante modificação.  A escola não pode  repetir  o mesmo modelo de ontem. Ou seja, continuar reproduzindo o conhecimento  e  transmitindo-o de uma forma descontextualizada e fragmentada, sem relacioná-lo com a realidade fora da escola e tão pouco  desconsiderar que as diversas disciplinas podem contribuir para a construção de um projeto coletivo onde o saber tem significado  para os estudantes e pode ter a participação destes. 

   A construção do saber, a partir da abordagem de diversas disciplinas é o que chamamos de interdisciplinaridade. A interdisciplinaridade possibilita a construção de um projeto coletivo, como também a possibilita  utilizar os saberes das diversas disciplinas, respeitando o saber trazido pelos estudantes para produzir o conhecimento a partir de uma necessidade apontada pelo grupo. Incentiva a pesquisa, a participação de todos. Já não é mais o professor o detentor do saber, ele é construido e reconstruido por todos, na medida em que o conhecimento adquirido vai possibilitando a construção de novos conceitos, novos saberes.
A participação e valorização dos estudantes, assim como de todos que estão no ambiente educativo  é fundamental na esccola de hoje onde o conhecimento esta na “rede” e cabe  ao professor ser o mediador. Aquele que orienta, para a “construção de uma nova representação sobre uma determinada situação”. A educação integral necessita não somente que os conteúdos sejam transmitidos, ou que o conhecimento do aluno seja valorizado mas que todos dialoguem  para que os contéudos de todas as disciplinas converjam para a construção de novos conhecimentos,  para que ultrapassem os muros da escola e contribuam para melhorar a vida dos sujeitos, para a construção de uma sociedade onde todos tenham acesso aos bens construido e produzidos historicamente.

 

sábado, 14 de julho de 2012

Conhecimento escolar e Educação Integral



Quando pensamos em conhecimento escolar logo lembramos que os mesmos devem  objetivar  ajudar os estudante a ampliar  os conhecimento sobre o mundo, sendo capaz de provocar mudanças no contexto onde vivem e ampliar o seu universo cultural.
Nos remetemos então a escola, aos conhecimentos que são priorizados e transformados para serem transmitdos aos alunos no ambiente escolar. Esses conhecimentos, na maioria das vezes originam  do livro didático, das cartilhas e apostilas e trazem  interpretações e  imagens racistas, chavões, esteriótipos de uma cultura masculina e  racista de uma sociedade patriarcal  revelando  a cultura de uma classe dominante. Os conhecimentos selecionados a fazerem parte do currículo escolar não levam em consideração as vivências e saberes trazidos pelos estudantes.  São  conhecimentos científicos produzidos pela cultura letrada. A alta cultura, como podemos verificar nas fotos abaixo.
 
 
 os conhecimentos trazidos pelos sujeitos não são contemplados nos currículos porque não são saberes legitimados pela escola. Embora a escolarização tenha sido universalizada, ela ainda é classificatória e discriminadora. O currículo escolar não considera e valoriza os saberes, as vivências dos sujeitos, sendo assim, os sujeitos também não se reconhecem nesse ambiente acentuando  a evasão e a repetência.

O que seria importante considerar no curriculo, na perspectiva da educação integral?
Quando falamos em educação integral nos remetemos a pensar o que é então uma escola que educa o sujeito integral. Os documentos oficiais emitidos pelo Ministério da Educação apontam que educar integralmente é educar o sujeito nas suas multiplas dimensões. Que dimensões são essas? Podemos pensar então que o sujeito é corpo, mente, emoção?!  Seria então pensar uma educação que veja esse sujeito como um todo dentro desse universo social, cultural e economico que se encontra????!!!!!  Se pensamos em valorizar os sujeitos precisamos conhece-lo e respeitar suas histórias, suas vivências.... Diante disto nos deparamos com várias situações no ambiente escolar: Professores despreparados, desestimulados que reproduzem a formação que tiveram,  estudantes que são vitimizados, desrespeitados, agredidos, por vezes pelas próprias familias,  trazem e reproduzem na escola esses comportamentos que vivenciam, a falta de uma rede de apoio que auxile a escola a dar conta da sua função..... 
As vivências precisam ser debatidas na escola e um exemplo disso é a discussão atual a respeito das cotas que diverge opiniões mas que traz a tona a questão dos direitos que há muito foram negados. Discussões estas que devem vir para a escola e ser debatida entre todos.
Ampliar o tempo dos estudantes na escola, sem discutir com a comunidade escolar o que é educação integral, sem pensar em que sujeito e escola queremos ter, sem rever o projeto politico pedagógico, sem tempo para estudo, sem pensar nas possibilidades e limites dessa educação nesse tempo ampliado é correr o risco de fazer mais do mesmo, de potencalizar as dificuldades e angustias da escola pública. Sabemos que temos que mudar a escola e um bom começo é pensar e  discutir sobre ela. Discutir sobre ela, implica rever tempo, espaço, sujeitos, conteudos.... Isso é currículo. Começemos então por pensar na elaboração de um novo currículo para uma escola que quer educar um sujeito que não é só cognitivo mas que apresenta várias necessidades e isto implica começar valorizando os conhecimentos trazidos por eles, reconhecer suas vivências, necessidades,  conceitos, experiências de vida, expectativas, preconceitos aprendidos fora da escola comparando-os com ajuda critica, construindo e reconstruindo, levando em consideração as perspectivas em que se encontram. Considerar as diferentes histórias e culturas trazendo para o debate as interpretações de cada um para que confrontem e reconstruam suas interpretações. Reconhecer as diferentes culturais presentes no ambiente escolar possibilita que os sujeitos se reconheçam como parte de um grupo, enriquece e valoriza a história de vida de cada um.


(Alunos da rede municipal de ensino de São José em uma roda de capoeira)




domingo, 17 de junho de 2012

Currículo, Conhecimento Escolar e Cultura

Neste período de discussão sobre a ampliação do tempo escolar, são discutidas questões como tempo-espaço, avaliação, metodologias, conteúdos, gestão, formação. Estas indagações tem nos levado a  consciência que precisamos entender melhor o currículo desenvolvido no espaço escolar , assim como também definir o que entendemos por conhecimento escolar já que é de fundamental importância selecionarmos para compor o currículo conhecimentos relevantes e significativos.
O conhecimento escolar deve propiciar ao estudante condições dele ir além do seu mundo cotidiano, ampliando-o e transformando-o como um sujeito ativo na mudança do seu contexto.
Os conhecimentos escolares devem facilitar ao aluno uma compreensão da realidade em que está inserido e que o possibilite agir de forma consciente promovendo a ampliação do seu universo cultural. O currículo tem o potencial de fazer as pessoas compreenderem o papel que devem ter na mudança de seus contextos imediatos e na sociedade em geral, bem como ajudá-las a adquirir conhecimentos e habilidades necessárias capazes de fazer com que isso aconteça.

Mas que conhecimentos priorizar neste novo curriculo para a  escola que queremos?

Currículo também tem sido alvo de preocupação e de debates de pesquisadores, das secretarias de educação Municipais e Estaduais e do Ministério de Educação (MEC). O MEC encaminhou as unidades de ensino, por meio da secretaria de educação básica uma publicação intitulada Indagações sobre Currículo. Tal publicação, elaborada a partir de discussões junto as equipes técnicas e representantes da comunidade acadêmica, tem como intenção desencadear uma reflexão sobre o tema. Um dos seus cadernos, Currículo Conhecimento e Cultura, escrito por Antônio Flávio Barbosa Moreira e Vera Maria Candau permite refletir questões que consideramos significativas para o desenvolvimento do currículo nas nossas escolas. Neste caderno os autores destacam que a preocupação dos pesquisadores tem se deslocado das relações entre currículo e conhecimento escolar para currículo e cultura. Buscam trazer os conceitos apontados para a palavra cultura desde o primeiro e mais antigo significado de cultura apontada pela literatura do século XV até  o mais atual que deriva da antropologia social e concebe a cultura como prática social e não como coisa ou estado de ser. Segundo os autores a cultura implica um conjunto de práticas por meio dos quais significados são produzidos e compartilhados em um grupo. Representa um conjunto de práticas significantes.








Nos remetemos a tarefa da escola que é transmitir o legado cultural, a cultura transmitida pela escola não é "qualquer cultura" portanto não são todas as práticas culturais que entram dentro da escola e são valorizadas por ela. Algumas culturas são marginalizadas e não fazem parte do curriculo escolar.
Na construção do currículo da escola integral é fundamental que outros saberes possam fazer parte do currículo como os saberes comunitários vivenciados pelos alunos e suas familias. A cultura escolar de priorizar somente alguns saberes, desconsidera os saberes da comunidade onde a escola esta inserida assim como também desconsidera  os saberes das crianças e adolescentes que povoam nossas salas de aula.






( Fotos retiradas do google imagem)




domingo, 3 de junho de 2012

Somos todos agentes curriculares

"Currículo é texto, texto é discurso, discurso é linguagem é minha comunicação com o mundo".
O currículo se materializa por uma série de ações pensadas  na escola, o planejamento, a execução, a avaliação, o processo de ensino aprendizagem.
Diversos agentes compõem e determinam o currículo. O governo, federal, estadual, municipal, preescrevem as diretrizes curriculares para serem seguidas pelos executores que são os professores e todos os que estão inseridos no ambiente escolar. Os professores "moldam" o currículo e determinam o que fazer com ele através do planejamento e da ação, ou seja, a forma como desenvolvem o planejamento com os alunos. O currículo  em ação é a aula do professor e os alunos que fazem parte dela.
 As politicas curriculares representam o conjunto de vozes que se articulam para atender uma demanda, só que neste conjunto nem todas as vozes falam a mesma altura. Diversos autores escrevem sobre currículo e o conceituam no entanto, cabe aos executores do currículo determinar o que fazer a partir destas preescrições.
Se estamos envolvidos com a educação, todos  somos agentes currículares e como agentes currículares pensamos como desenvolver um currículo que atenda a demanda da educação integral.
Nos dias 28 a 31 de maio deste ano aconteceu em Brasília o IV seminário nacional de educação integral. Neste seminário estavam presentes educadores de todo o país, gestores de escolas públicas, autores de diversos escritos sobre educação. Todos tinham uma preocupação: A construção de uma agenda para a educação integral. O que priorizar nesta agenda, como construir esse currículo? Todos concordam que neste currículo deve constar a intersetorialidade, as artes, a tecnologia. Assim como também concordam e defendem uma escola pública para todos, onde todos possam ser ouvidos e sejam participes desta construção. O desafio esta lançado, cabe a todos nós desconstruirmos muitos conceitos que nos impossibilitam de nos vermos e agirmos como agentes currículares capazes de construir um novo currículo que represente a comunicação que queremos  estabelecer com o mundo.




sexta-feira, 11 de maio de 2012

Quais saberes priorizar na escola integral


Quando pensamos que currículo priorizar, nos remetemos as orientações do Ministério de Educação que propõe ser um currículo que integre os conteúdos da vida, da comunidade,com os conteúdos escolares. Reconhecer que as experiências educaconais se desenvolvem dentro e fora da escola. O Ministério da Educação apresenta três cadernos pedagógicos com a intenção de contribuir para a implementação, a conceituação e a operalização do Programa Mais Educação.O Programa Mais Educação é atualmente uma estratégia apresentada para a implementação da educação integral no país.  Um deles traz a proposta pedagógica que apresenta as "mandalas dos saberes" como uma estratégia possível para o diálogo.
A mandala representa o simbolo da totalidade. Integração entre homem e a natureza, pensamento e sentimento, intuição e sensação, as diversas culturas, trocas, diálogo.   A mandala traz os saberes interligados, inclusive traz saberes que até então nunca foram valorizados pela escola. Também coloca que a responsabilidade de educar não é somente da escola mas de todos.                                                                       

Diante disto nos damos conta que estamos vivendo na escola o momento dos questionamentos, das duvidas, incertezas. Temos um modelo de escola de quatro horas com um curríclo engessado, compartimentado, onde ja esta posto o que ensinar o que priorizar, que embora não seja um  modelo de desejo é o que temos e estamos acostumados a viver, a experimentar, compartilhar, fazer. Mas há muito isto ja não nos contenta. Queremos mais. Queremos uma escola onde os sujeitos sejam participes, que possam opinar, compartilhar suas vivências. Que os saberes que trazem possam ser valorizados e que no coletivo se construa uma escola onde todos gostem de estar e compartilhar  seus conhecimentos. Nos damos conta então que, estamos no momento da desconstrução e de reelaboração de uma nova escola.
Não podemos desconsiderar o que ja vivemos e  construimos pois é isto que nos tem possibilitado pensar o nosso fazer, o como fazer. 
Todos somos agentes desse currículo e temos no momento a possibilidade de pensar com nossos pares que modelo então queremos. Vamos priorizar que saberes, como vamos trabalhar esses saberes na escola, como vamos dividir o tempo, quais espaços vamos priorizar. Mexer com estas questões implica o que parece ser mais dificil , desconstruir o que temos.

domingo, 6 de maio de 2012

Confiram o vídeo O Direito de Aprender


Se pensarmos no  significado  da palavra currículo, vamos defini-lo como: norte, caminho, percurso, organização do conhecimento, organização do trabalho pedagógico.  Qual norte então daremos para uma escola integral? Pensando aqui educação integral não somente como ampliação do tempo da criança na escola mas, como possibilidade de acesso aos bens culturais, aprendizagem,convivência, diálogo.
O governo federal através da Portaria  Interministerial nº 17 de 24 de abril de 2007 criou o Programa Mais Educação que prevê a permanência da criança na escola por no mínimo 7 horas diárias e propõe que as escolas estabeleçam parcerias  com a comunidade. Onde a cultura local possa dialogar com o currículo escolar. Diante disto propõe que artistas locais possam estar dentro da escola e que a escola possa ocupar diferentes espaços na comunidade. Delega não somente a escola o dever de educar e coloca como desafio da educação integral a capacidade de lidar com diversos saberes oriundos de diversas experiências e avançar na direção das escutas e das trocas para construir um saber diferenciado. Para ilustrar sugiro que assistam o vídeo O Direito de aprender, desenvolvido com   base na publicão "bairro-Escola passo a passo" uma realização da Associação Cidade Escola Aprendiz em parceria com UNICEF e Ministério da Educação. http://www.youtube.com/watch?v=UaJ3V6sL3L0
O Programa Mais Educação é uma estratégia indutora do governo federal para a implantação da educação integral no pais. Diante disto, os municipios, as escolas, se veêm diante da necessidade de criar seu próprio modelo de educação integral. Mas que modelo desenvolver? Pensamos na necessidade de  ampliar e qualificar os espaços, investir na formação de professores, rever o PPP da escola e principalmente em um currículo que dê conta de integrar as diversas atividades da escola "regular" com as oferecidas no periodo ampliado. Ou seja, a escola vista e pensada como período unico não como turno e "contraturno". Diante disto fica a pergunta: Como se constitue o currículo da escola integral? Que conteúdos, que vivências vamos priorizar?

domingo, 29 de abril de 2012

Educação e reflexão

Este blog tem como intenção postar artigos, comentários, reflexões a respeito do tema educação.
Criado por sugestão dos professores da disciplina de currículo do curso de especialização em Educação Integral na Universidade Federal de Santa Catarina. A disciplina de currículo é uma das mais esperadas no curso por trazermos várias indagações a respeito de como desenvolver educação integral nas escolas públicas a partir de um currículo que integre o trabalho de todos da escola. Discutir educação integral é uma necessidade atual diante da escola que temos hoje e de politicas públicas que nos direcionam a pensar e modificar o espaço, o tempo, o currículo da escola em que estamos inseridos.